Ontem ao final do dia, no regresso a casa, já com o filhote no banco de trás, desci a serra. Como desço todos os dias, como subo todas as manhãs. E reparei. Pela primeira vez reparei.
Uma carrinha de caixa aberta, muitos “coletes fluorescentes” que se moviam, munidos de balde com água e detergente, pano na mão, boné na cabeça, cigarro ou sorriso nos lábios.
Devo ter passado por eles milhares de vezes. Devo tê-los visto outras tantas. Mas nunca OLHEI, nunca PAREI, nunca VI. Ontem sim – OLHEI, ABRANDEI e VI!
Limpavam a sinalética da estrada. Aqueles pauzinhos reflectores que ficam no meio da via com riscas laranja, os triângulos que indicam uma curva acentuada, os sinais de limite de velocidade. Empoeirados pela lufa-lufa quotidiana do trânsito, estes objectos nas mãos dos “coletes fluorescentes” ganhavam vida. Voltavam a brilhar, a reflectir a luz – do sol ou dos faróis – a cumprir o seu objectivo, sinalizando vias, acentuando curvas, avisando de perigos.
Dei-me conta – SOU UM GRÃO DE AREIA. Caramba! Nunca parei para pensar. O meu trabalho é importante – tenho uma função útil na empresa onde laboro.
Mas estas pessoas, estes coletes fluorescentes, os almeidas, os aparadores de sebes, os limpadores de esgotos, sei lá… todos eles, individualmente ou em conjunto, são as gotas de óleo que mantêm as engrenagens da sociedade a funcionar sem emperrar. Passamos por eles – como passei eu todo este tempo – como se não existissem, como se de sombras se tratassem, indiferentes à sua contribuição. Pois hoje, aqui e agora, aqui fica o meu reconhecimento.
OBRIGADA, COLETE FLUORESCENTE!
Obrigada por tornares mais segura a estrada por onde passo com o meu filho.
Obrigada por manteres limpos e visíveis os sinais de perigo ou de informação, para que eu prossiga avisada e informada do caminho que me espera.
Obrigada por zelares por mim, uma face no meio de milhões da multidão.
Hoje deu-me para isto, o que querem…
2 comentários:
A MUITO QUE NÃO BISBILHOTAVA O TEU CANTINHO.TUDO O QUE PARTILHAS E PROFUNDO E SABOROSO, AS VEZES TEM UM SABOR AMARGO, MAS A VERDADE E MESMO ASSIM ,POR VEZES E A DOER. JÁ PENSASTE EM DAR UM CONTRIBUTO A SOCIEDADE E PARTILHARES TODO TEU POTENCIAL, UM LIVRO TALVEZ, NUMA REVISTA? ÉS UMA ISPIRAÇAO GAJA E TENS MESMO MUITO JEITO PARA ESCREVER. NÃO SEI SE E POR ANDAR NUMA FASE MAIS SENCIVEL MAS QUANDO LEIO OS TEUS PENSAMENTOS E DESABAFOS A LÁGRIMAS TEIMAM EM CAIR, NÃO ME IMPORTO, MAS AS VEZES NÃO CALHA NADA BEM, JÁ VISTE A MINHA REPUTAÇÃO, AO EM VÊS DE SER A CABRA FRIA AINDA ME CONFUNDEM COM UMA SENTIMENTALOIDE.AGORA A SERIO, ADORO A TUA MANEIRA DE VER O MUNDO E FICA MARAVILHOSO NO "PAPEL"...CONTINUA
OBRIGADA COLETE FLUORESCENTE!
obrigada deste lado do tejo.
emn***
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