Anjo. Caído ou não, procuras em desespero algo que te preencha. Que dê à tua existência um significado. Invades os meus sonhos e procuras assustar-me. Mas não o consegues. Leio-te melhor do que ninguém. O muro que ergues à tua volta não é estranho para mim; outrora também eu o ergui. Afastando tudo e todos, cobrindo com o véu do sarcasmo a dor que me assolava. E reconheço-me... em ti. Os mesmos olhos mortiços. O mesmo sorriso vazio.
Anjo. Os erros que cometeste serão, tal como para mim foram os meus, o Corão pelos quais guiarás a tua vida. Aprenderás a não os repetir. Aprenderás a resistir à dor, a ficar forte em cada desalento, a perdoar os crimes dos outros tomando como exemplo os teus. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra... deveria ser quem pecou de igual forma, atire a primeira pedra. Pois aí nenhuma mão se moveria.
Anjo. Porque só invades os meus sonhos? Porque não me procuras quando estou desperta? Receias talvez ver em mim o teu próprio reflexo?
Anjo. Onde estás, Anjo meu?
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